Pense numa mistura de novela mexicana com teatro infantil tradicional e se aproximará de “Cúmplices de um resgate”. A trama escrita por Íris Abravanel e dirigida por Reynaldo Boury é uma adaptação de “Cómplices al rescate”, também exibida no SBT. Na estreia, anteontem, o público foi apresentado às gêmeas Isabela e Manuela (ambas interpretadas por Larissa Manoela). Elas foram separadas no nascimento. Quando completam 12 anos, se reencontram para uma disputa aguerrida. Uma é boa e afetuosa, a outra, mimada e destalentada. “Cúmplices de um resgate” corre nesse trilho maniqueísta intencional.
No longo primeiro capítulo, o espectador foi levado a embarcar num conto de fadas em que a rainha má mandava um bandido raptar uma das gêmeas da camponesa Rebeca (Juliana Baroni). Mas, irritada com o fato de o bebê ser uma menina, tornou-se uma mãe intolerante e fria. O rei (Alexandre Barros), trouxa, nunca notou a armação. Um belo dia, um conde (Duda Nagle) cruzou o caminho de Rebeca e os sinos bimbalharam em sinal de que um grande amor estava para chegar. Corta para os dias de hoje e o mesmo elenco repete a ação em outro contexto.
“Cúmplices de um resgate” tem a seu favor a realização. No gênero, é bem-dirigida e livre de efeitos toscos. Se o elenco conversa com flores cenográficas e contracena com baús repletos de ouro é porque a história pede. A novela lembra as montagens mais desprovidas de imaginação de “Branca de Neve”, mas por escolha artística, não por acidente. É essa mesma escolha que deverá acertar aquele público do SBT que acompanhou com gosto “Chiquitas”, “Carrossel” e afins. Essa trama, como as outras, equilibra bem a previsibilidade e as intrigas pueris.