segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Coluna: A importância da programação infantil do SBT contra a adultização precoce das crianças

Entre as principais redes de televisão no país, o SBT é a única que destina grande parte das suas produções ao público infantil. Desde os anos de 1980 a emissora é referência e insiste em manter a identidade de TV familiar. Até que ponto isso é capaz de frear o crescimento do número de crianças que utilizam - indevidamente - as redes sociais, e, sobretudo, o amadurecimento precoce das mesmas?
O perigo mora dentro de casa 

A revista ÉPOCA, do dia 26 de outubro, publicou uma extensa e intrigante matéria* que trata sobre o uso indevido das redes sociais pelas crianças e dos perigos que elas correm ao se exporem, com ou sem o consentimento dos pais. Segundo uma pesquisa encomendada pela revista, o número de pais e/ou responsáveis que impõem regras de uso da Internet aos seus filhos é muito baixo. Também consta que mais de 60% das crianças brasileiras com idades entre 7 e 12 anos se expõem em serviços como Facebook e WhatsApp, mesmo as idades mínimas estabelecidas para o uso desses serviços sendo de 13 e 16 anos respectivamente. O fato mais preocupante, citado na matéria, trata-se de um levantamento publicado pela revista inglesa The Economist que, ao analisar dados de um dos maiores sites de pornografia do mundo, constatou que a expressão mais buscada dentro do território brasileiro, no site, é “novinha” (expressão usada para identificar adolescentes ou mulheres com características muito juvenis). 

Entre várias entrevistas apresentadas na matéria de ÉPOCA, duas chamam mais a atenção. A primeira, é de uma advogada e pedagoga que atende pais cujos filhos foram assediados em redes sociais. Ela explica que os criminosos exigem que as vítimas enviem fotos sem roupas, sob ameaça de matar seus pais. “Elas costumam mentir por um tempo, com medo de que algo aconteça. Quando contam, o estrago já está feito”, relata Cristina Sleiman. A segunda entrevista, é com a mãe de um garoto de 8 anos, que precisou ficar sozinho em casa durante um breve período. O menino sempre foi orientado pelos pais sobre o que pode ou não fazer na Internet, mas, enquanto esteve só, resolveu acessar o navegador em modo anônimo, sem saber que o pai utilizava um software que espelhava a tela do PC de casa no computador do trabalho. “Foi só o pai sair de casa que ele abriu o Google e digitou a palavra ‘sexo’”, disse a mãe do menino. 

Casos, como os citados pela revista, ocorrem de maneira cada vez mais frequente e perigosa. Os pais, deslumbrados pelo avanço das tecnologias, creem que os seus filhos estão apenas jogando e assistindo a vídeos infantis, enquanto os pequenos estão tirando dúvidas sobre coisas que nem deveriam pensar ainda e cometendo atos que acabam se tornando irreversíveis, à medida que podem envolver outras pessoas e acabar com qualquer resquício de inocência. Trata-se de uma “adultização precoce”, que poderia ser diminuída, se políticas públicas e/ou privadas de incentivo às produções infantis e se os ensinamentos morais aplicados, tanto pelos pais quanto pelos professores, fossem mais eficazes.

A programação infantil pode ajudar 

O Estatuto da Criança e do Adolescente diz que o público infanto-juvenil tem o direito de uma programação de TV dedicada exclusivamente a ele, onde as emissoras de Rádio e Televisão somente exibirão, nos horários recomendados, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. Contudo, três das quatro maiores redes de televisão do Brasil, há um bom tempo, abandonaram qualquer tipo de produção voltada às crianças. E, apesar de um processo de Classificação Indicativa amplamente divulgado, as crianças têm consumido cada vez mais programas destinados a adultos. Falta fiscalização por parte dos pais e senso de justiça, digamos, aos órgãos públicos. 

O SBT, indo na contramão das coirmãs, é a única rede, dentre as quatro maiores, que dedica cerca de 50% da sua grade diária ao público infanto-juvenil. Ainda com a constante fiscalização do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que proibiu a veiculação de propagandas voltadas às crianças e ameaçou tirar do ar os apresentadores mirins da emissora, a direção do canal aposta alto na fidelização deste público, com programas que incentivam o crescimento moral e intelectual, não tirando o direito de sonhar e acreditar em um mundo mais inocente. Em entrevista concedida a fãs, a diretora do núcleo infantil do SBT e apresentadora do clássico programa Bom Dia e Cia, Silvia Abravanel, reforça a importância da programação feita para as crianças e diz que o SBT sempre teve grande tradição e cuidado em levar programas que agregam valores morais às famílias. “Agregamos com brincadeiras mais lúdicas, com desenhos menos violentos e que tenham mensagens boas. A nossa linguagem procura sempre incentivar para a educação das crianças”, disse ela. A autora de novelas Íris Abravanel, em entrevista ao apresentador Ratinho, revela inspirar-se na personagem Poliana, do livro homônimo, escrito por Eleanor H. Porter. “Eu gosto de passar valores para as pessoas. Valores, princípios, família, união, amizade. E eu creio que é isso que tem agradado às famílias, às crianças”, disse a esposa de Silvio Santos.

Aos pais, falta um olhar mais atento aos atos dos filhos diante às novas mídias e um pensamento mais profundo dos valores que desejam que os pequenos absorvam. Tudo o que é utilizado de maneira correta e supervisionada é benéfico, mas o exagero e a falta de fiscalização podem levar a um caminho sem volta. 

Seguindo a premissa que inspira a escritora Íris e que baseou as novelas Carrossel, Chiquititas e Cúmplices de Um Resgate: “As pessoas estão precisando de esperança, de referencial de família”. E é exatamente isso que as pessoas podem encontrar ao sintonizarem a TV no SBT. 


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